"Sei que existe uma resistência oculta em mim para tudo que eu mais desejo.
Chegar nesse esconderijo nem sempre é simples. Às vezes tenho que dobrar noventa e nove esquinas, cruzar duzentos e cinquenta e quatro abismos, desvendar as placas erradas, intuir sete encruzilhadas, esfacelar duras máscaras, rasgar fantasias, cavar longos túneis em espessas nuvens de fumaças.
Pedir ajuda.
Subir e descer ladeiras mentais, em noites de assombrosa escuridão.
Mas quando vem a linha de chegada sempre toca um frevo em meu coração. Olho para trás e celebro.
O caminho é recompensa.
Já não há esforço e posso descansar. Abro a porta por dentro e me vejo.
Sou eu, sem medo. Vim me buscar e vale a pena.
Agora posso dizer sim!"
Nanda Barreto
Um novo ano, uma retomada por aqui. Me pego refletindo sobre os simbolismos de fins e começos. Viradas de ano em nossa cultura costumam ser associadas a momentos de auto avaliação. Um revisar de metas conquistadas ou não, num ideal de desempenho e produtividade. É comum a sensação de insatisfação, de assimetrias entre o que se deseja e se realiza.
Mas quando temos a oportunidade de "pausar" esse olhar para fora e nos escutarmos, esse processo pode permitir a investigação de necessidades mais autênticas e dos recursos para atendê-las, acolhendo sem pretensão de linearidade esse subir e descer ladeiras e sentindo mesmo que o caminho se faz caminhando e é cheio de complexidades. A vida sempre surpreende com suas nuances multifacetadas, com alegrias, assombros e inquietações. Acredito que felicidade é a gente poder viver tudo e não se perder da gente. Mas caso a gente se perca, como diz a poeta Nanda Barreto a gente sempre possa voltar e se buscar e talvez seja essa a grande linha de chegada!
Um novo ano cheio de possibilidades para nós!
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